terça-feira, 3 de junho de 2014

VOCÊ É UMA LUZ QUE PODE ILUMINAR



Quando comecei a jejuar e orar em 1973, fazia isto buscando a Deus, Sua presença, Seu poder. Depois fazia isto [e era dia ‘sim’ dia ‘não’] buscando sabedoria e discernimento.

Quando jejuava no quarto, fechado, recluso, apenas lendo a Bíblia e orando, eu sonhava muito; e nos sonhos era visitado pelos melhores manjares; e também pela capacidade de ler a Bíblia em minha própria mente, de tal modo que eu recitava epistolas de cor, dormindo, enquanto, de-fato [ou seja: de-sonho], no sonho, eu lia o que ficara impregnado e inscrito em mim.

Frequentemente sinto que tenho o Novo Testamento todo escrito em mim [legado daquele tempo]: do cérebro para baixo, para cima, para dentro e para fora.

Entretanto, foi só quando passei a jejuar ao ar livre — de preferência na natureza, com água, chão, vento, nuvem, pássaros; e muitas cores, sombras e luzes; mediante o jejum, com meu ser focado na adoração ao Criador, já não pedindo nada, nem buscando coisa alguma, mas apenas sendo e contemplando — que percebi luzes, formas, belezas, sensibilidades e sentidos que antes pareciam inexistirem em mim.

Jesus disse que o olhar é o que ilumina o ser. Ora, é o amor a luz que ilumina o olhar. E sem amor não há luz de Deus em ninguém.

Entretanto, certos exercícios de devoção sincera, focada, aberta, expectante de luz, amante da bondade, plena de contemplação a Deus na maravilha da criação, são fundamentais para alimentarem nosso processo espiritual, mental [consciente, subconsciente e inconsciente], e cerebral; de modo que tudo em nós esteja focado na mesma direção.

Não era à toa que Jesus buscava a solitude, o deserto, as montanhas, as fontes de águas, e as cavernas, a fim de imergir em profundidade que age pelo não agir; e que discerne pelo não pensar; e que guarda pelo não tentar reter; e que absorve tudo porque se abre para todas as coisas ao seu redor: dando-se ao que existe em gratidão e amor que adora ao Criador; e, assim, recebendo tudo.

Hoje em dia, muitas vezes inspiro memórias de arrebatamentos de amor na estação dos jejuns perfumados pelo estranho odor que a oração exala [podendo ser sentida pelos mais sensíveis]; e, assim, por tal exercício, tudo aquilo volta a encher meu coração.

Tenho tentando olhar tudo com atenção. Mesmo quando estou distraído sempre me sinto conectado a tudo o que está acontecendo. E essa experiência intensa com passarinhos e plantas está me abrindo muito mais.

Meu mundo aumenta cada vez mais, mesmo quando não saio do lugar. Há um crescente sentimento de conectividade.

Digo isto porque acredito que o “Cristianismo” cartesiano, linear, tomado de misticismo como propaganda, e de filosofia como vaidade sacerdotal, continua a cegar a maioria de nós; e, de outro lado, o excesso de carismas (dons) pentecostais, raramente mais profundos do que o cérebro, chegando no máximo ao sub-consciente, empedrou nossas sensibilidades, ou nos tornou cínicos; enquanto que o Protestantismo histórico roubou de nós todo encanto e ludicidade na contemplação; fazendo de nós uns urubus togados que se alimentam de defuntos do século 16.

A maioria vive entupida. Pouca gente vai além do pensamento, como se o pensamento fosse grandes coisas. Ah! O pensamento pode ser um pensa-muito que vira um pensa-manto, e que cria um pensa-dor, mas ainda tudo tão básico perto do que acontece no eterno mundo que existe enquanto “a palavra me não chegou à língua”. É nesse ambiente pré-cerebral onde a usina de riquezas opera total; fazendo de toda lógica um retardo.

É hora de nos abrimos e crescermos no cérebro, na mente, na alma, no espírito, na totalidade e na multiplicidade de todos os infindáveis dons da Graça de Deus que existem em nós, embora estejam dormentes na maioria esmagadora de nós.

Se pensar já é uma façanha, quanto mais o resto?

Pense no quanto sua experiência humana de Deus não está impregnada da dês-humanização [dês-sensibilização] promovida e mantida pelo “Cristianismo” e seus derivados em geral; a ponto que você tem apenas uma relação de testa com Deus; e, para além disso, o que dizem que lhe seria bom, seria o encher a cabeça de informações supostamente sobre Deus. E aí se chega para morrer...


Jesus disse que se eu estou Nele, posso desenvolver o olhar que ilumina o ser como um todo, de modo que de fato emanarei luz e graça; e isto é ser luminoso: ver tudo com e na luz da verdade e do amor que ama a Deus e a toda Sua criação.


Nele,


Caio

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